Olá
Pessoas!!
Eu sei, eu sei... Três anos sem
postar nada!
Muita coisa aconteceu nesses três
anos e eu precisava desse tempo para me reorganizar e saber se era isso mesmo
que eu queria. Pois bem, era isso mesmo! Mas antes contar as novidade e
mudanças eu vou deixar um presente.
Conheça a Brienna, minha mais nova
personagem! Vamos fazer uma pequena introdução antes:
Brienna é uma garota de vinte e
poucos anos que acabou de se mudar para um apartamento só seu em Londres. Órfã
de mãe e com um pai que só vive para a empresa cujo é presidente, Brienna vive
a vida de um modo confortável, mas se encontra em um estado de transformação
onde tem que enfrentar a fúria do pai, que rejeita sua amizade com Alex, seu
melhor amigo, esconder o romance secreto com Peter, um dos diretores de seu pai
e tenta lidar com um casamento forçado cujo seu pai faz questão. Lidando com
todas essas questões e buscando se tornar independente do pai, a pobre menina
rica procura encontrar seu rumo na vida e um modo de ser feliz, mesmo que ela
não precise ser ela mesma.
Capítulo I – Alex
—
Pobre menina rica. Por acaso sabe algo sobre a vida para estar chorando assim?
O
comentário atrás de mim fez com que eu parasse de pensar e olhasse na direção
daquela voz. Será que ninguém me deixaria em paz, tudo o que eu queria era
chorar e, talvez me atirar no Tamisa.
Olhei
para o lado e lá estava, um homem jovem de cabelos pretos e enrolados,
sobrancelhas grossas que mais pareciam ter sido desenhadas com uma caneta
grossa e um sorriso leve e debochado estampado em sua boca pequena e de lábios
grossos. Ele olhou em meus olhos marejados e vi que havia duas esferas negras
como a noite em seus olhos. Senti-me desnorteada e invadida quando ele fez
isso, como se pudesse ver minha alma.
—
Eu te conheço? — finalmente perguntei rígida e rude.
—
Eu não sei — falou. —Conhece? Eu sei que não te conheço, mas já sinto pena de
você.
O
sorriso debochado ainda não havia saído de seus lábios.
—O
que você quer?
—
Eu estou apenas curioso — ele proferiu. — O que deve ter acontecido com essa
pobre menina rica para ela achar que tudo está perdido?
O
que deve ter acontecido para um cara idiota ficar me perturbando numa hora
dessas, isso sim! O que eu teria que fazer para tirar aquele cara do meu pé, me
atirar logo no rio talvez?
—
Olhe só! Eu realmente não estou afim de plateia. Se eu quisesse audiência para
o meu sofrimento eu iria chorar no Apollo.
Por favor, vá embora.
Ele
me encarou por um momento. Quando ele ficava pensativo, suas grossas
sobrancelhas se arqueavam e ele mordia o lábio inferior. Finalmente se
pronunciou:
—
Tudo bem — declarou. — Mas antes de se atirar no rio, o que acha de me
acompanhar a um lugar?
Foi
a minha vez de encará-lo por um momento. Como assim “ir a um lugar com ele”?
Até parece que eu iria a um lugar com um estranho, e como raios eu faria para
me livrar dele? Eu só queria chorar em paz. E como assim me “atirar no rio”?
—
Me atirar? Por que raios você acha que eu vou me atirar no rio? — eu fazia o
máximo esforço para não chorar mais. Meu rosto estava frio e úmido por causa
das lágrimas e, o vento que soprava na ponte não ajudava a melhorar esta
sensação.
—
Bem — ele começou. — Você veio correndo até a ponte, chorando, olhou para o rio
por vários segundos e voltou a chorar — ele passou a mão no pescoço enquanto
afirmava aquilo. — Todos os casos de pessoas que se atiraram no Tamisa
começaram exatamente assim. Então, creio eu, que posso prever o que vai
acontecer em seguida.
Eu
estava cogitando sim me atirar no rio, mas isto estava entre as mais remotas
possibilidades. Eu não sou estúpida, sei o quanto vale minha vida e sei que
existem pessoas que me amam. O motivo de eu estar chorando naquele momento era
só mais um, só mais um de todos os outros que vinham me sufocando durante toda
a minha vida.
—
Então — continuou ele. — Aceita ir neste lugar comigo antes de acabar com sua
pobre vida luxuosa, seja lá qual for o motivo de você querer fazer isso?
—
Eu nem te conheço — eu disse. — Como posso ter certeza que você não me fará
nenhum mal?
Ele
sorriu mais espontaneamente, como se o que eu havia falado fosse a maior
idiotice que ele já tinha ouvido.
—
Exato! — afirmou ele. — Mas o rio vai te matar e mesmo assim você está prestes
a se atirar nos braços dele — ele voltou a sorrir suavemente e olhou fixamente
para meus olhos. — Eu não vou te fazer mal algum, não sou um monstro. O máximo
que u posso fazer é conseguir com que você tire essa ideia maluca de se matar
da sua cabeça.
Os
olhos dele realmente me deixavam desnorteada, tentei olhar para oura direção,
mas era como um frenesi. Não consegui desviar dos olhos dele nem por um
segundo.
—
Para onde você vai me levar?
—
Não é longe daqui, mas você só vai descobrir se vier comigo.
O
que eu tinha a perder, afinal? Na verdade ele até tinha razão, por que ter medo
disto se eu nem sequer tinha medo da ideia de me jogar no rio? Decidi que valia
a pena correr este risco, era só mais uma coisa imprudente na minha vida, eu já
havia feito tantas outras mesmo.
—
Tudo bem, estranho — afirmei. — Eu vou com você, mas vou logo avisando que sei
lutar.
Ele
riu mais uma vez e me estendeu a mão, eu a segurei, era quente e firme. Nós
andamos alguns minutos até o final da Downing Street, de frente para o St
Jame’s Park. Entremos em uma espécie de estacionamento para carros de
funcionários e nos deparamos com um portão de garagem grafitado. Ele tirou uma
chave do bolso e abriu a pequena porta que havia do lado. Antes de entrar ele
olhou para mim com o semblante sério e disse:
—
Tudo o que você vir aqui fica aqui. Você não deve falar para absolutamente
ninguém que este lugar existe, entendeu?
Assenti
com a cabeça e ele me deu passagem. Assim que adentrei o local senti minhas
pernas ficarem bambas. Eu estava esperando por ganchos, serras, algemas e
objetos de tortura, um ambiente hostil e escuro. Mas quando ele acendeu as
luzes o que vi foi algo maravilhoso, tão maravilhoso que me fez questionar
sobre o porquê de ele querer manter aquilo em segredo.
A
pequena porta escondia um galpão com mais ou menos o tamanho da nossa cobertura
no hotel em que eu e meu pai estávamos hospedados, havia dois pisos, sendo que
o segundo cobria apenas um quarto de todo o galpão criando uma espécie de
sacada. No piso inferior, até onde se podia enxergar, cada centímetro estava
coberto por quadros e mais quadros, algumas esculturas e telas de todos os
tamanhos. As obras eram de um estilo moderno e contemporâneo ao mesmo tempo, e
pareciam contar histórias. Um dos quadros retratava a selva, outro o deserto,
mais um com tons vivos e o universo retratado. Eram uns mais magníficos que os
outros. O que eu queria era caminhar por todo o galpão e admirar cada um, tirar
fotos e perguntar sobre o artista. Aqueles quadros me lembravam da minha
infância, da época em que minha mãe era viva e de toda a alegria que
transbordava meu coração.
Tirei
meu celular do bolso com a intenção de capturar aquilo, eu queria sentir aquilo
para sempre. Mas, infelizmente, meu devaneio foi completamente interrompido
quando o tal garoto arrancou o celular da minha mão.
—
Ficou louca? — esbravejou ele. — Não ouviu nada sobre o que eu disse? Este
lugar tem que ficar em segredo! — de cara amarrada, ele enfiou o celular de
volta no meu bolso. Não me agrediu, achei até um tanto engraçado.
—
Por quê? Por que manter um lugar tão magnifico quanto este em segredo?
—
Eu não... — ele parou por um momento. — Magnifico?
—
Sim! Olhe só quantos quadros, um mais belo que o outro — declarei enquanto
andava pelo galpão contemplando as obras. — Quem os pintou? — me aproximei de
um dos quadros para ler a assinatura. — A.
Peterson. Quem é este? Nunca ouvi falar dele.
—
É claro que não! — afirmou ele se aproximando de mim. — Este artista nunca
divulgou seu trabalho. Você não vai encontrar nada sobre este cara relacionado à
arte.
Olhei
para ele um tanto desapontada.
—
Por que não? Seria maravilhoso poder comprar uma dessas obras e colocar no meu
quarto — voltei a admirar o quadro a minha frente.
Este
retratava uma jovem mulher, não tinha como ver seu rosto, pois estava nas
sombras, mas seu corpo era escultural e suas vestes mostravam o quão jovem era.
A mulher estava sentada numa pedra, olhando para o vasto mar a sua frente.
Acima de sua cabeça havia um céu estrelado e uma lua cheia e viva, o mar estava
agitado e o vento soprava forte. Senti como se fosse eu naquele pequeno pedaço
de praia, pude até sentir a brisa do mar ao olhar para o quadro.
—
Você, por acaso, não é um contrabandista de obras de arte que está tentando
ganhar dinheiro com o trabalho de outra pessoa, é? Por acaso em um quartinho
aqui onde seu escravo pinta até as mãos despencarem de tanta dor?
Ele
gargalhou, como se outra bobagem houvesse saído da minha boca. Seu riso era
espontâneo e meigo, um tanto exaltado, mas completava sua aparência. Foi então
que reparei, pela primeira vez, o quanto ele era bonito.
—
Você é engraçada — proferiu ele. — Parece que nossa relação vai ser melhor do
que eu imaginava.
—
O que você quer dizer com isso?
—
Ainda está pensando em se jogar no Tamisa?
O
que? Ah! Claro, eu ia me atirar no rio. Eu nem me lembrava daquilo mais, mas
decidi brincar um pouco com ele.
—
Ah, sim! Claro, assim que sairmos daqui.
Ele
sorriu, dando a entender que tinha visto que foi apenas uma piada. Algo mais me
veio à mente naquele momento: eu não sabia qual era o nome dele.
—
Então... Você me trouxe aqui apenas para se aliviar do seu segredo e torturar
mais alguém com ele? Não vai me dizer nem o seu nome?
—
Oh, me desculpe — ele passou a mão pelo pescoço mais uma vez, pelo visto era um
hábito dele. — Muito prazer em te conhecer, Brienna. Meu nome é Alex.
Ele
estendeu a mão para mim, fazendo menção para que eu a apertasse, mas eu não me
mexi. Como ele sabia meu nome? Será que aquilo era mesmo um sequestro? Será que
ele era um daqueles psicopatas dos filmes de Hollywood, que parecem perfeitos,
mas logo mostram do que são feitos e o que são capazes?
Ele
certamente percebeu minha cara de espanto, porque logo começou a se explicar.
—
Acalme-se — recomendou. — Este é o seu nome, não? Está escrito no seu colar —
ele apontou para meu pescoço, nele havia uma correntinha de ouro com uma
plaqueta, nela estava gravado o nome Brianna, nome da minha mãe, o qual também
era meu nome. A não ser pela letra A.
—
Oh! Eu nem tinha notado — sorri fraco. — Sim, este é meu nome, na verdade é o
nome da minha mãe. Meu nome tem letra e,
enquanto o da minha mãe era com a letra a.
Minha mãe era Brianna, eu sou Brienna.
—
Ah, entendi... “Era”? Sua mãe está...
—
Morta? — soltei de vez. Por que todos sempre se tornam delicados quando vão
perguntar isto? Tal coisa me irrita. Sério! — Sim, ela está. Mas já faz muito
tempo, eu nem me lembro direito dela. A única coisa da qual me lembro, é que
ela gostava do por do sol, às vezes ela ia até o jardim, apenas para apreciar o
por do sol. É a coisa que mais tenho viva em minha mente, minha mãe sentada no
jardim olhando para o por do sol — eu sorri com a lembrança. — Eu sempre a
observava da janela do meu quarto.
Ele
parou por um instante, ficou apenas me olhando. Parecia um tanto curioso, mas
também parecia entender tudo o que eu estava dizendo.
—
Eu meio que entendo você — comentou. — Perdi meu irmão em um acidente de carro
já tem alguns anos. A dor não vai embora, você apenas se acostuma com ela.
Seus
olhos ficaram escuros de repente, seu semblante endureceu e suas sobrancelhas
enrugaram levemente. Tanto quanto surgiu, rapidamente aquele semblante
desapareceu. De repente o sorriso voltou ao seu rosto e seus olhos brilharam
novamente, como se ele tivesse apertado interruptor de luz e a luz se
ascendesse.
—
De qualquer forma, não estamos aqui para falar de tragédias, não é mesmo? –
Proferiu. — Nosso real objetivo aqui é fazer você esquecer completamente
daquela ideia estúpida de se jogar da ponte.
Eu
não hesitei e acabei por gargalhar.
—
O que mais você tem aqui, Alex? Alguma coisa sinistra ou confidencial?
Eu
falei tudo isso brincando, com o único objetivo de fazê-lo esquecer do episódio
da ponte, e acho que está bem claro que eu não estava conseguindo. Mas a
resposta que ele me deu foi algo que eu realmente não esperava.
—
Na verdade, eu tenho! Venha! — então ele subitamente agarrou minha mão e me
puxou escada acima, para aquela parte elevada do galpão.
Na
parte de cima havia uma cama e solteiro em um canto, uma escrivaninha cheia de
papeis e materiais para desenho e uma pequena cômoda surrada com desenhos
feitos por cima da madeira gasta, de certa forma dava um ar charmoso para o
local, nada engomadinho, mas também nada sem sua beleza. Havia um quadro
gigante, mas ou menos equivalente a minha altura em seu comprimento e cerca de
1m de altura. Alex o pegou e o segurou, de forma que eu pudesse observá-lo
melhor. Era a vista do rio Tâmisa, o mesmo no qual eu chorara as beiras uma
hora atrás. O quadro retratava a vista da ponte em um dia chuvoso. As pessoas
caminhavam, cuidando de suas próprias vidas, os carros trafegavam
constantemente nas ruas, vendedores de sorvete buscavam clientes inutilmente
com seus carrinhos de duas rodas. O dedo de Alex rastejou pela pintura e parou
indicando um local na ponte, ao lado de um poste de luz com vista para o grande
Hotel e para o Big Bang.
—
Está vendo este local? — perguntou ele e eu assenti. — Se você tivesse se
jogado daquela ponte há uma hora, eu provavelmente estaria aqui agora,
desenhado você neste pequeno pedaço de tela.
Eu
não entendia o porquê de ele ter me levado lá, mas não tinha mesmo como
entender naquele momento. Eu só ia realmente saber a importância do Alex na
minha vida um pouco depois...
(...)
Continua...
E
então, o que acharam?
Não
se esqueçam de comentar e seguir o blog!
XOXO
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