Eu não sabia o que fazer, já
faziam horas que eu estava lá. Não devia ter acreditado na Tokomo-san e na
Lyuko-chan. Elas haviam mesmo feito aquilo, por que? Por causa do Yamato? Eu
estava assustada, achando que ficaria presa ali o resto da noite, afinal, já
eram quase oito horas e ninguém havia me achado, eu já havia tentado gritar,
mas ninguém apareceu. Odeio pensar nos momentos horríveis que tive naquela
tarde:
–Mei! Mei! - gritava Konin enquanto
me puxava para fora da sala.
–O que aconteceu Konin? - perguntei
sem entender nada, ele estava com um semblante preocupado.
–É o Yamato-kun! Ele está te
traindo! - tive que me apoiar em uma mesa próxima para não cair.
–O quê? - disse ainda desnorteada.
–Vem! Eu te levo até lá- ele me puxava,
mas num gesto impulsivo eu me soltei dele.
–Não!
–O quê? Como não?! Por quê? - ele
disse surpreso.
–Não sei o que está acontecendo, mas
também não quero ir ver.
–Mei...
Eu baixei a cabeça, não sabia o que
pensar, nem o que fazer. Eu estava tonta, queria sentar e ficar sozinha. Estava
me perdendo em pensamentos quando Lanna e Hyruhi-kun apareceram.
–Mei! O Yamato... - ia dizendo
Lanna, mas Hyruhi-kun a interrompeu.
–Calma Lanna! Vamos contar devagar.
Mei! Aconteceu algo. O Yamato...
–Eu já sei! - disse.
–O quê? Mas como?! Ele disse que...
–Eu vou embora - me virei em direção
a sala.
Arrumei todo o meu material e me
direcionei à saída, evitei os corredores do lado leste, para não encontrar com
o Yamato. Eu não sabia como encará-lo depois de saber aquilo.
Foi quando eu estava passando perto
do depósito de limpeza que encontrei Tomoko-san e Lyuko-chan. Elas estavam
encostadas na parede com seus uniformes personalizados e super decotados. Elas
começaram a rir e pararam na minha frente.
–Finalmente conseguimos o que
queríamos - disse Tomoko
–Separamos o casal - completou
Lyuko.
–Me deixem passar - eu disse.
–Não - rebateu Lyuko. -Vamos cumprir
nosso objetivo.
–O quê? Me soltem! - eu gritei
quando elas me agarraram pelos braços, me debati e tentei lutar contra elas,
mas elas eram muito fortes, eram lideres de torcida, sua força era maior que a
minha. Elas me arrastaram para dentro do depósito de limpeza, me jogaram no
chão, saíram e trancaram a porta ante que eu pudesse impedi-las.
–Meu deixem sair! Abram a porta!-
gritei.
–Até depois do verão Mei. Agora o
caminho está livre de vez para você Tomoko. O Yamato é todo seu por completo
agora - disse Lyuko.
Eu ouvi os passos delas ficando cada
vez mais baios, elas estavam se afastando, rindo. Ainda conseguir ouvir Tomoko
dizendo que foi divertido com o Yamato na hora do almoço. Será que foi com ela
que ele havia me traído? Mas... será mesmo que ele me traiu? O Yamato me ama,
depois de enfrentar tantas coisas para ficarmos juntos, isso agora. Por quê?
Tentei gritar mais e mais, mas ninguém me ouvia, este lado do colégio era um
dos mais vazios, e depois da uma da tarde ele ficava totalmente sem gente.
Depois de minutos gritando, esperando que alguém me ouvisse, sem sucesso, eu
finalmente me deixei levar. As lágrimas vieram, comecei a pensar no Yamato e na
Tomoko juntos, fiquei me perguntando o porque de tudo aquilo acontecer, logo no
ultimo dia de aula. Será que ninguém me acharia? Eu estava com medo, e estava
começando a fazer frio também. Eu não estava agasalhada. Me encostei num cantos
e coloque a cabeça entre os joelhos, fiquei ali por mais algum tempo, esperando
que alguém me achasse.
Mais dez minutos se passaram. Eu já estava sentindo muito frio. Comecei a
me lembrar da vez em que eu e Yamato tomamos aquela chuva e ele foi se secar na
minha casa. Passamos aqueles momentos, corados, em meu quarto, sem saber o que
fazer ou como agir. Foi a primeira vez que me senti daquele jeito perto de um
garoto, mas fiquei feliz por ele estar lá comigo.
Ouvi passos no corredor, parecia que alguém estava correndo. De repente
alguém gritou meu nome, eu já ia responder, mas por um impulso, quando
reconheci a voz da pessoa que estava gritando, exitei. Era Yamato. Meu Deus! E
agora?
Eu não sabia se respondia ou não. Queria muito sair daquele lugar, mas não
queria encarar o Yamato assim, pelo menos não antes de processar direito toda
aquela história de mais cedo.
–Mei! Mei! Onde você está? -gritava ele.
Eu não sabia se alguém apareceria depois dele, e nem quando apareceria.
Resolvi responder, afinal, eu teria de encará-lo mais cedo ou mais trade mesmo.
–Estou aqui! -gritei.
–Mei?... Mei!
–Estou presa no depósito de limpeza- disse.
–Espere! - ele se posicionou atrás da porta. -Saia de perto, vou abrir-
assim eu fiz e ele, com dois chutes ele abriu a porta.
Assim que me viu, ele veio ao meu encontro e me abraçou, eu não tive
reação alguma.
–Mei. Estava preocupado com você- ele me abraçou mais forte, e eu ainda
sem reagir. Você está gelada- tirou o casa e colocou sobre meus ombros, pegou
minha mochila e disse:
–Porque você não ligou para alguém vim tirar você daqui?
–Meu celular está sem bateria- eu respondi ainda sem olhar para ele,
olhava para o chão.
–Vem. Vamos para casa- ele segurou minha mão, eu exitei, mas acabei
cedendo depois de olhar para ele. -Mei. Está tudo bem?
–...sim... vamos embora.
Fomos o caminho quase todo sem trocar nenhuma palavra. Eu não sabia o que
falar, não queria, também. Tudo que eu queria era chegar em minha casa logo e
colocar para fora todas as lágrimas que estava segurando. De repente, ele
parou. Ficou me olhando, com um olhar entristecido, senti compaixão e a vontade
de chorar veio a tona, tive que fazer um esforço máximo para não derramá-las.
–Mei, eu te fiz alguma coisa?- ele perguntou olhando em meus olhos. -Você
parece chateada comigo.
–Eu... eu.. não... - não aguentei segurar mais. Comecei a chorar feito uma
criança. Yamato quase não teve reação. Não sabia que fazer, ele simplesmente me
abraçou.
–Mei! O que aconteceu? Por que você está assim?
–Eu... eu... fiquei... fiquei sabendo... que... me disseram.... que
você... me.... me traiu- eu disse em meio a soluços. Ele segurou meu queixo com
uma das mão e me fez olhá-lo.
–Mei... por que eu faria algo assim? Eu te amo- ele me olhou sério.
–Me falaram que viram você com algúem- sequei as lágrimas
–Me falaram que viram você com alguém, e depois Tomoko e Lyuko me
trancaram no depósito e disseram que o caminhos estava livre para você e Tomoko
de uma vez por todas.
–Mei, isto que viram... -ele abaixou a cabeça. -É verdade, mas não fui eu,
foi ela que me beijou. Eles te contaram o que aconteceu depois que ela me
beijou?
–Não... eu não quis ouvir... eu... Yamato -segurei as lágrimas novamente.
-Podemos ir para casa?
Ele ia dizer alguma coisa, mas hesitou, só pegou na minha mão e disse:
–Claro.
Andamos o resto do caminho em silêncio novamente. Ao chegar em frente a
minha casa ele parou.
–Você ainda vai amanhã para o clube? -perguntou.
–Sim. Eu prometi para Asami-sam.
–Quer que eu venha te buscar para irmos juntos?
–Não sei... Talvez.
–...Está bem então. Me avise antes de dormir -de repente ele ficou com
vergonha. -Posso... posso te beijar?
–Acho... melhor não -eu olhei para baixo.
Seu semblante ficou triste, ele soltou minha mão e foi embora.
Minha mãe não estava em casa. Fui para o meu quarto, tomei um banho,
coloquei o pijama e me deitei na cama. Não tinha certeza de como agir com
Yamato no clube, na frente de todos. Em meio a tantos pensamentos, os
acontecidos de hoje, o que farei em relação a mim e ao Yamato, acabei
adormecendo. Acordei com meu celular tocando, ainda bem que eu havia colocado
ele para carregar antes de me deitar. Era Asami-chan.
–Mochi-mochi -eu disse.
–Tachibana! Graças a Deus. Onde você estava?
–Presa no depósito de limpeza.
–Nossa. Como foi parar lá?
–Tomoko e Lyuko me prenderam lá.
–Vou pegar aquelas duas de jeito. Mas quem te tirou de lá?
–Yamato.
–Ele estava preocupado. Saiu que nem um louco procurando você.
–Ele não precisa mais se preocupar depois do que ele fez.
–O que? O que ele fez?
–Você sabe. Ele e Tomoko...
–O que? Claro que não. Tachibana. Yamato te ama, ele não faria uma coisa
dessas.
–E o beijo que ele deu na Tomoko?
–Você não sabe o que aconteceu depois? Ele não te contou?... Espere aí...
eu ia te contar na escola, mas você disse que já sabia.
–O que? Agora estou confusa.
–Mei... Depois que a Tomoko beijou o Yamato ele a empurrou. Disse que ela
era a pior das garotas. Ele praticamente gritou com ela. Disse que o amor da
vida dele era a Tachibana Mei e que era para Tomoko se colocar no lugar dela e
deixar ele em paz.
–Ele... disse isso mesmo? ... Então foi por isso que elas me trancaram
no...
–Mei. Yamato disse que não vai para o clube amanhã. Disse que não quer te
deixar pior e mais chateada com a presença dele -minha garganta fechou e meus
olhos começaram a lacrimejar.
–Eu... eu tenho que desligar...!
Nem esperei ela responder. Desliguei o celular, me troquei e saí correndo
de casa. Já eram nove e meia da noite, rezei para que ele ainda estivesse
acordado. Eu chorava e corria ao mesmo tempo. Tinha esquecido o celular em
casa.
Parei em frente a casa do Yamato. Estava com medo. Toquei a campainha. Vi
a cortinha de um dos quartos se abrir, era do quarto do Yamato, mas não deu
para vê-lo.
Fiquei esperando, torcendo para ele sair. Até a porta da frente se abrir:
–Mei! -ele disse saindo e indo até o portão.
–Yamato... eu... -comecei a chorar novamente. Então ele abriu o portão.
–Mei... me desculpe Mei... Eu devia ter te contado na mesma hora. Não se
preocupe, eu não vou mais te fazer sofrer Mei.
–Não! -eu quase gritei. -Você não deve faltar ao clube por minha causa.
–O que?!
–Asami-san me contou o que houve... me contou sobre o que você disse para
Tomoko. Me descul.... me desculpe... eu... eu não... eu devia ter ouvido ela
quando tentou me contar. Devia... devia ter ouvido você quando tentou me
contar. Yamato... -eu soluçava de tanto chorar.
–Mei -ele me abraçou e choramos juntos. -Mei... eu prometo que nunca irei
fazer algo assim com você. Eu te amo. Mei -eu olhei para ele, fixamente em seus
olhos. Ele levemente segurou meu queixo e me beijou. Depois me perguntou:
–Quer entrar?
–O que?! Eu... eu não -eu recusei com defesa e vergonha. Ele riu.
–Fique calma. Não farei nada.
–Eu sei. Já está tarde. É melhor eu voltar para casa.
–Eu te levo.
–Não precisa... não quero te incomodar.
–Não é incomodo nenhum -ele fechou o portão e pegou minha mão. -Sou seu
namorado, é meu dever e minha vontade -ele olhou para mim e sorriu.
Desta vez, não fomos apenas de mão dadas. Ele passou o braço nos meus
ombros e eu passei meu braço em volta da cintura dele. Foi uma sensação boa e
estranha. Ele me deixou na porta de casa e voltou para sua casa. Assim que
entrei no meu quarto, peguei meu celular e vi que havia três chamadas perdidas
da Asami. Então liguei para ela.
–Tachibana Mei -ela disse.
–Acordei você?
–Não. Mei! Eu estava preocupada.
–Eu fui ver o Yamato.
–E como foi?
–Nós conversamos. Estamos bem agora.
–Ufa! ... fico muito feliz. Agora sim a Tachibana e o Yamato estão bem, o
mundo voltou ao normal.
–Preciso dormir um pouco. Até amanhã. Boa noite.
Boa noite.
Desliguei o celular, coloquei novamente o pijama e deitei na cama. Antes
de pegar no sono, meu celular tocou novamente. Era uma mensagem do Yamato:
"Passarei na sua casa amanhã às 09:00 hs. Esteja pronta.
PS: Estou ansioso para passar as férias com você. Boa noite. Eu te amo
Yamato ♥"
Respondi:
"Estarei pronta.
Ps: Também estou ansiosa. Boa noite. Eu te amo.
Mei ♥"
Neste dia, tudo o que me aconteceu me fez perceber o quanto ter pessoas ao
meu redor, que gostam de mim é bom. Percebi que Yamato e eu seríamos mesmo
felizes e que, graças a ele e aos meus amigos, hoje, sou quem sou.
#Relatório da parte mais marcante das férias de verão. -Por Tachibana Mei#